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Diário de uma divorciada

Diário de uma divorciada

Sobreviver aos primeiros tempos

 

Uma situação de ruptura é sempre problemática. Por mais que uma pessoa tenha planeado e esteja ansiosa por recomeçar a viver, os primeiros tempos são sempre de um certo desnorteamento. A pensar nisso, resolvi deixar-vos algumas dicas, uma espécie de manual de sobrevivência que poderá ajudar-vos a ultrapassar a crise inicial:
1. Não façam do vosso divórcio a manchete do século. Procurem não andar a dar satisfações a toda a gente acerca do acontecimento. A não ser a família e um ou outro amigo mais chegado, ninguém das vossas relações precisa de saber as razões pelas quais resolveram separar-se. As pessoas têm sempre tendência para dar palpites e isso pode impedir-vos de encarar os factos de forma objectiva.
2. Ainda relativamente aos outros, o ideal é evitar o assunto com pessoas dramáticas ou que gostem de apontar o dedo. Digam não aos falsos moralistas e não tenham medo de ficar sós, porque os amigos verdadeiros são aqueles que nos apoiam em todas as circunstâncias e incondicionalmente. Se assim não for, é sinal que a amizade não era autêntica. Aliás, situações como o divórcio são óptimas para avaliar quem são os nossos verdadeiros amigos; Quem não interessa, fora! Desabafar faz bem, mas só com quem consegue ouvir-nos sem nos julgar. À falta de um bom amigo, vale a pena investir num bom psicoterapeuta.
3. Estranhar a falta do outro é normal, assim como é normal sentir um vazio no início da separação. A rotina vicia e provoca uma falsa sensação de segurança que é ameaçada quando há uma alteração. Se chegaram até aqui com a certeza do que queriam, não cedam agora! Esta fase é transitória.
4. A ideia é recomeçar, ok? Então não há por que adiar esse recomeço. É agora! Hoje! Aliás, em muitos casos deveria já ter sido ontem, não é? Vá, vá, vá! Toca a arregaçar as mangas e mãos à obra! A primeira coisa a fazer é tentar tirar partido do tempo livre que agora vos sobra. Que tal uma nova actividade? Há muitas coisas que se podem fazer a solo, como ir ao cinema ou fazer uma corrida à beira-mar, por exemplo.
5. Tentem não frequentar os mesmos locais que frequentavam com o vosso ex, caso isso vos deixe nostálgicas. Pelo contrário, nesta altura, vale tudo para combater a nostalgia; filmes ou livros românticos e tudo o que puxe à lamechice está absolutamente proibido! Ainda vão acabar com pena de vocês mesmas, o que não interessa mesmo nada para fazer face à nova vida que aí vem.
6. A palavra de ordem é MUDAR, portanto, mudem tudo o que puderem! Experimentem ir para o trabalho por outro caminho ou ir às compras a locais diferentes. Se tiverem que ficar a viver na mesma casa onde viviam enquanto casadas, mudem os móveis de lugar e mudem os adereços e cores das paredes.
7. Sempre que possível, é de todo o interesse manter uma boa relação com o vosso ex, especialmente se houver filhos. Tal vai permitir, por um lado, que o sentido de perda seja menor, e por outro lado, deixar-vos mais descansadas no que toca ao futuro das crianças.
8. Mesmo que a separação decorra de uma forma relativamente amigável, é inevitável a nossa auto-estima sair um bocadinho beliscada, por isso cuidem da vossa imagem e dediquem mais tempo a fazer coisas que gostem. A base da autoconfiança começa aí.
9. Há sempre inúmeros assuntos de carácter prático a resolver depois de uma separação. Não há uma fórmula mágica para que tudo fique resolvido num piscar de olhos. O melhor é tratar um problema de cada vez e não ceder ao orgulho recusando ajudas exteriores que podem ser preciosas nesta altura do campeonato.
10. Muito importante: não se envolvam amorosamente com ninguém antes de terem resolvido todos os conflitos emocionais referentes ao relacionamento que terminou. Quando uma pessoa está emocionalmente fragilizada, qualquer miragem pode parecer um oásis e sem querer, poderão estar a sair de uma situação má para outra ainda pior. Falar em “fazer o luto”, nestes casos, faz todo o sentido.
 
Com o tempo, persistência e alguma autodisciplina, acabarão, tal como eu, por descobrir que afinal, a vida depois do “fim do mundo” não é mesmo nada má!

 

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