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Diário de uma divorciada

Diário de uma divorciada

Testemunhos: V

A minha história é a história de alguém que correu atrás de um sonho e o viu transformar-se em pesadelo. Ingenuidade ou azar, ainda hoje não sei…
Casei grávida com 19 anos. O meu casamento durou dez. Era um casamento insatisfatório a todos os níveis. Eu não era feliz mas estava conformada, ia aguentando os maus tratos psicológicos, as humilhações, as indiferenças e as crises de mau humor. Na altura achava que era aquele o meu destino, era o caminho que eu tinha escolhido e também por causa do meu filho, deixava-me estar meio morta e sem amor-próprio…
Até que conheci uma pessoa através da Net (é verdade). Começamos por trocar mensagens, eu desabafava e ele aconselhava-me e escutava-me. Elogiava-me muito e dizia-me que o destino éramos nós que o fazíamos. Eu sentia medo e curiosidade ao mesmo tempo. Aquele homem representava mais do que eu podia desejar, mas eu era casada…  
Apaixonei-me por ele antes de o conhecer pessoalmente e quando se deu o encontro pessoal o sentimento que eu já tinha foi crescendo desmesuradamente. Sem me dar conta estava perdidamente apaixonada. Encontrámo-nos às escondidas durante três meses. Conversávamos, trocávamos mimos e carícias (ele disse-me que era separado). Eu andava nas nuvens porque achava que finalmente tinha encontrado o homem da minha vida. A forma como ele me tratava e a atenção que me dava faziam com que eu me sentisse amada e especial. Percebi que ainda era possível lutar pela minha felicidade. E foi o que fiz.
Depois de ter ido pela primeira vez para a cama com o meu príncipe encantado, ele disse-me que era melhor ficarmos uns tempos sem nos vermos porque ele estava a sofrer e eu também e pressionou-me a acabar com o meu casamento para pudermos assumir o nosso amor.
Nessa mesma noite cheguei a casa, contei tudo ao meu marido e pedi-lhe o divórcio. Só queria ser sincera e lutar por ser feliz. Ele reagiu muito mal, eu não esperava, ameaçou que me matava a mim e ao meu amante e andou muito tempo a tentar descobrir quem ele era. Foi um inferno. Tratou de difamar-me junto dos amigos que tínhamos em comum e alguns deixaram de falar-me. Tivemos que partir para um divórcio litigioso, muito complicado, sendo  eu a má da fita. Foi muito mau, mas o pior ainda estava para vir…
Entretanto, fui procurar apoio junto do meu amor, mas telefonava-lhe e ele não me atendia. Ao fim de alguns dias e de muitos telefonemas sem resposta comecei a desconfiar que algo se passava. A verdade foi muito difícil de aceitar. O meu príncipe encantado abandonou-me quando eu mais precisava. O pior é que não sabia praticamente nada dele, a não ser o que ele me contava. Apesar de tudo, continuava apaixonada e recusava-me a encarar a realidade, era demasiado violenta e eu não estava preparada. Aquele homem e o seu misterioso desaparecimento (que ingenuidade a minha) levaram-me a uma obsessão doentia. Entrei numa depressão muito grave e acabei por ser internada num hospital psiquiátrico durante um mês e meio.
Hoje estou bem. Já passaram 5 anos e depois de muita luta, consegui  ficar com a custódia do meu filho que já está um homenzinho, somos muito felizes os dois. Investi na minha formação profissional e nessa área sinto-me realizada.
Para o futuro só quero conservar os pés bem assentes na terra e manter a minha sanidade mental que é o mais importante de tudo. Não me arrependo de ter acabado com um casamento que nunca deveria ter existido, só lamento tudo ter acontecido como aconteceu, mas pelo menos aprendi uma grande lição.
“Cristina”
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