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Diário de uma divorciada

Diário de uma divorciada

Reincidências

È assim uma espécie de fado ou de destino. Uma pessoa erra uma vez e quando se apercebe que errou, jura para nunca mais repetir, que se aprende e que se fica mais atenta, e mais experiente, e isso tudo. E depois para ali se detém a remoer durante uns tempos e a pensar o quanto se foi ingénua, e que agora já aprendeu a lição, e que nunca mais, e etc...
 
Sabem que mais? Tretas! Se uma gaja tem tendência a encantar-se por tipos com um determinado perfil, mas é que nem que a sua experiência se canse e fica rouca de gritar-lhe “não vás por aí! Vê lá, olha que bates novamente com a cabeça e vai doer”, pode dar as voltas que quiser, que vai acabar sempre por embicar para gajos com as mesmas características.
 
No meu caso, são aqueles personagens com um ar todo certinho, tipo “copinho-de-leite” ou (pior ainda) “menino-da-mamã”. O estilo “clean”. Estão a ver!? Mãos delicadas e carinha de bébé. Normalmente é cavalheiro, culto, viajado e tão sedutor que parece já vir programado para lidar com mulheres. E é tudo. Tudo!? Sim, tudo. Não esperem grande coisa de tipos assim. O espécime tem, geralmente, muita bagagem mas é para vos enrolar. Vive de aparências e o mundo gira em torno do seu umbigo.
 
Para mim é o diabo. Cruzes! Credo! Vai de retro! E eu bem que fecho os olhos e não se passa nada, mas a curiosidade... aquela vozinha lá no fundo com a lengalenga do costume, a tentação do abismo (raios a partam!) move-me e empurra-me e insiste e, mal me dou conta, toma! Já foste!
 
O último que conheci tinha a aparência de um anjo e até falava como tal quando me dizia na sua voz terna e melodiosa que as nossas almas eram gémeas e que voavam juntas. Prometeu-me o céu mas deixou a lua e as escadas por minha conta. E é onde ainda hoje me encontro, a meio dos degraus, com a lua presa por um fio e sem saber onde a pendurar.
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