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Diário de uma divorciada

Diário de uma divorciada

Há sonhos que chegam a realizar-se...

Esta é a canção que dedico ao meu amigo Carlos Lourenço, que conseguiu, finalmente, realizar o seu sonho de tantos anos: ir viver para Cabo Verde, o país das suas origens, depois de tanto tempo preso nas burocracias, na intolerância e no meio do betão, a que nunca se adaptou:

 

“Um dia a areia branca seus pés irão tocar
E vai molhar seus cabelos a água azul do mar
Janelas e portas vão se abrir p’ra ver você chegar
E ao se sentir em casa, sorrindo vai chorar
 
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Uma história pra contar de um mundo tão distante
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Um soluço e a vontade de ficar mais um instante
 
As luzes e o colorido que você vê agora
Nas ruas por onde anda, na casa onde mora
Você olha tudo e nada lhe faz ficar contente
Você só deseja agora voltar pra sua gente
 
Debaixo dos caracóis...
 
Você anda pela tarde e o seu olhar tristonho
Deixa sangrar no peito uma saudade, um sonho
Um dia vou ver você chegando num sorriso
Pisando a areia branca que é seu paraíso”
 
Parabéns, querido CL! Vais fazer-me muita falta (tu sabes!) mas isso não terá importância nenhuma sempre que te imaginar de coração cheio e os teus olhos brilhantes por não caber lá mais nada...
 

 

 

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Ossos de ofício...

 

Há pessoas que nos inspiram de tal forma que agora apeteceu-me falar do meu chefe, mesmo estando eu em plenas férias. E dizem vocês: “esta gaja divorciada passou-se de vez!?”. E têm toda a razão! Passei-me mas não foi uma coisa assim à maluca, não senhor! Ele há um motivo... Querem ler!? Embora!
 
Verdade seja dita: eu detesto o meu chefe quando ele está com os azeites ou com as antenas reviradas. Até aqui nada de novo, pois ninguém gosta de ter um chefe com os azeites e as antenas reviradas, ou gosta!? Só que depois há sempre aqueles dias em que dormimos mal, estamos já com um grande período de abstinência ou simplesmente também não estamos de maré e vai daí, então, o ambiente azeda um bocado e tudo o que nos dá ganas de fazer é bater com a porta e mandá-lo mais à instituição para aquele sítio democrático que todos nós conhecemos, mas que parece mal a uma pessoa minimamente educada... E enchemos, e enchemos e enchemos e depois contamos até dez por ordem crescente, decrescente e aleatória até que a raiva nos passe, porque chefe é chefe e diz que engolir sapos e conter a irritação faz mal ao interior do organismo, mas que é bom para preservar aquele local de culto obrigatório que faz toda a diferença para quem tem a hipótese de escolher entre ser pobre ou ser mendigo.
 
Bom, mas tirando a parte de ter que aturar um chefe na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, em todos os dias da minha vida até que uma melhor oportunidade laboral nos separe, às vezes também tem o seu lado bom. E é aí que o meu chefe me tem servido de exemplo e inspiração; graças a ele, consigo, hoje em dia, desembuchar tudo o que me vai na alma sem ter que pedir autorização a ninguém, o que na prática, significa que aprendi a ser directa, sem ser malcriada e a deixar de lado os “rodriguinhos” quando não fazem falta nenhuma e às vezes até atrapalham o conteúdo da mensagem. E também aprendi a ser obstinada e sempre que me invade aquela moleza “pré-lamecho-depressiva” que antecede a ociosidade, lembro-me das palavras que ele um dia me disse, com um ar quase paternal, quando tentei sintetizar um relatório de dez páginas, apenas numa: “Ana, não seja preguiçosa!”.
 
Sim. É claro que gosto do lado construtivo do meu chefe, que em oito anos de trabalho, me tem ensinado algumas coisas acerca das relações pessoais; ele é daquelas pessoas que diz o que pensa (e o que é admirável é que pensa por ele), mas de uma forma clara e bem argumentada. Além disso é um luxo no que toca ao humor inteligente quando está de bem com ele mesmo ou com algo que lhe sucedeu. E é aqui que entra, aquilo que quanto a mim poderia ser aperfeiçoado: vive muito ao sabor dos seus humores e raramente consegue ser diplomático. Mas enfim... Se os defeitos de toda a gente fossem apenas uma questão de espontaneidade, não haveria hipocrisia no mundo, nem vontade de apontar o dedo de forma anónima em nome de uma justiça moralista para quem tudo tem uma explicação. E foi precisamente essa a razão pela qual me apeteceu falar do meu chefe (que quando quer, até é boa pessoa, só que raramente se percebe quando faz de propósito); para além de uma homenagem é também um recado ao amigo de um amigo (que eu não faço a mínima de quem seja, mas não faz mal!) que me enviou uma mensagem a dizer que os meus “escritos” revelam alguém frio, arrogante e insensível (ok, crítica aceite e registada) e que, segundo ele, a culpa é do divórcio (!?!?). “Hellou!?” Uma pessoa divorciada também vive (boa!?), também aprende, também trabalha, também convive com o resto do mundo e por aí fora... É linda essa forma ingénua de achar que o simples estado civíl determina a maneira de ser de alguém para o resto do seu futuro, tão linda que me deu vontade de intelectualizar a questão: Viva o “trio Odemira”! Viva a “Margarida Rebelo Pinto”! Viva o “Zézé Camarinha” e o meu saudoso “stôr” de latim!... E Viva o meu chefe, pois claro!!
 
Post Scriptum:... e vivam as férias dos alfacinhas e o consequente descongestionamento do trânsito do IC19!...
 
 
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Onde estão os homens?

Foi por causa deste título que levei a edição de Setembro da revista Máxima para casa (estas revistas andam sempre um mês adiantadas, ainda nem gozamos bem o Verão já estão a fazer-nos pensar nas roupas quentes e nas noites frias); no subtítulo podia ler-se: "A resposta que todas as solteiras e divorciadas procuram...".

 

Fiquei decepcionada, digo-vos! Afinal é tudo sensacionalismo "Ah e tal, eles querem é curtir! Ah e tal, nós estamos muito exigentes! Ah e nós também não temos muito a certeza de nos querermos comprometer...!" - Pois, grande novidade! Tirando um pequeno roteiro à laia de destaque acerca do título, não se lê absolutamente uma palavra acerca do paradeiro dos ditos. Cadê?? Onde páram eles? Bem, comigo não têm parado (parece que sou demasiado certinha e independente e os tipos não se sentem à altura - pelo menos é esta a teoria de algumas das minhas amigas). Seja como for, vejo-me grega para conseguir cruzar-me com alguém interessante. E não pensem que é por falta de informação e preparação teórica. Nada Disso! Ainda agora acabei de ler o livro "Tudo o que julga saber sobre Amor e Sexo está errado" de Pepper Schwartz, que apesar da péssima tradução, nos esclarece acerca de 25 mitos a propósito dos relacionamentos.

 

E então a pergunta impõe-se: afinal, tanta preparação, tanta teoria e os homens, onde estão? Centenas de divórcios e só as mulheres ficam sós? Até parece que nos divorciamos umas das outras! Ou serão os meus olhos, ainda mal treinados?

 

Saímos para a rua e lá se vê um ou outro sozinho, mas mais durante a semana, quando as respectivas estão a trabalhar. Se uma pessoa sai num sábado ou domingo à tarde, continua a ver casaizinhos por todo o lado e durante o período de férias, nem se fala! Mas os gajos não comem!? Não vão às compras nem ao restaurante? Não dão uma volta com as crianças nos jardins? Não se mostram?

 

Estranho, muito estranho...

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