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Diário de uma divorciada

Diário de uma divorciada

À procura do príncipe encantado...

 

Bem, isto chega-se a uma altura na vida em que uma mulher já sabe exactamente como é o seu homem ideal. Quer dizer, na verdade, nós sempre soubemos, acho que já vimos programadas com essa certeza, mas pronto, somos gajas e como tal temos que fazer jus à nossa fama de teimosas, o que na prática significa que quando erramos, erramos de propósito só para confirmar que temos razão (Dahha!.. achavam que era por sermos parvas, não!?).
Agora, vou falar por mim, há anos que fito o horizonte à espera de ver aparecer o príncipe encantado e o gajo, nada! Já me fiz ao mar alto, lancei redes e iscos, aprendi a bordar e a fazer ponto-cruz, inscrevi-me no ginásio e nas danças de salão e até frequentei a missa dominical na esperança de ver surgir o tal e… nicles! Vai daí, tive uma ideia brilhante e luminosa: decidi afixar um anúncio aqui no blog! Sim, porque nunca se sabe quem é que andará por aqui a ler estas coisas; com um bocadinho de sorte, até o Pai Natal vem aqui ver como param as modas.
Então aqui vai o meu grito de desespero (podem fazer “copy/paste” que eu deixo):
                                      ANÚNCIO
Procura-se Príncipe Encantado com as seguintes características:
- Elegante e giro até dizer chega!
- Bom na cama!
- Com um Q.I. alto q.b. (não maior do que o meu para não me conseguir enganar – Ó!)
- Carinhoso, atencioso, dedicado, romântico e essas coisas todas (q.b. também para não enjoar!)
- Cavalheiro o suficiente para não me deixar pagar as contas a “mielas” (qu’é isso!?)
- Charmoso e carismático!
- Bem-sucedido e poderoso!
- Paciente e com bons modos!
- Educado e culto!
- Alegre e divertido!
- Sem problemas de dinheiro (para pobre já basto eu)
- Saudável e sem traumas!
E julgo que é tudo (se me lembrar de mais alguma coisa, eu depois faço uma adenda).
Agora, uma nota importante: Este “anúncio” tem prazo de validade. Se demorar muito, eu fico mesmo com o homem do gás!

 

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Uma prisão chamada passado

 

A Susana é minha amiga de infância e está divorciada há mais de dez anos.
O que me custa ver aquela mulher ainda enterrada no desgosto e não conseguir fazer nada! A Susana era uma mulher bonita: magra, cabelo comprido ondulado e uns grandes olhos azuis. Casou com o seu príncipe encantado mas um dia adoeceu, uma doença do foro neurológico e o gajo “pôs-se ao fresco”: foi viver com outra de quem até já tem dois filhos.
A Susana não aceita a realidade. Desde que ele saiu de casa que vive isolada num mundo só dela; a doença agravou-se e ela que era uma mulher elegante e jovial, está agora irreconhecível: engordou quase trinta quilos e envelheceu outro tanto em anos. Nos seus delírios, o marido ainda a ama, está só à espera do momento certo para voltar para ela.
Sinto-me impotente, tento fazer-lhe ver a realidade mas ela recusa-se a ouvir-me. Não quer acordar para a vida. Aliás, a Susana deixou de viver. Eu insisti durante bastante tempo, escutando-a apenas, a tentar perceber qual seria a base daquele desarranjo emocional; o pai abandonou-a ainda em criança. Como dois e dois são quatro, tentei uma terapia de choque: Agarrei-a pelos ombros, sacudia-a e disse-lhe num tom de voz firme: “Ele não volta!”.
Foi como se tivesse sacudido uma laranjeira ornada de laranjas podres: chorou, esperneou e depois agachou-se, pegou na fruta apodrecida e levou-a para casa, para uma fruteira que transformou em altar. Ficou zangada comigo, não me fala. Soube há pouco que continua desesperada à procura de alimento para a sua obsessão doentia: virou-se para o mundo das bruxas e videntes, insistindo em construir um forte cada vez mais impenetrável onde nem a família nem os amigos conseguem entrar.
Trouxe aqui a história da Susana para que todos o que insistem viver no passado a tomem como um exemplo de como não se deve reagir a uma separação.
Viver é saber aceitar as contrariedades e seguir em frente. Quando não se consegue sozinho(a), torna-se urgente e necessário pedir ajuda. Não tenham vergonha de parecer fracos(as) pois fraco é quem não consegue admitir que perdeu.
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Três velhos sábios

 

Nutro um grande respeito e admiração pelos velhos. Velhos, sim, que a palavra “idoso” soa-me mal, lembra-me “defeituoso” e para mim, os velhos são tudo menos isso; os velhos são pessoas com imensa sabedoria, experientes e de inestimável valor. Todos os velhos mereciam que alguém lhes escrevesse um livro com as suas memórias para ficarem disponíveis para consulta pública e serem depois transformados em objectos de estudo de especialistas.
Vou falar-vos da Maria. A Maria foi uma senhora, minha vizinha, que tinha a cabeça cheia de “branquinhos” e fazia umas covinhas nas bochechas gorduchas quando sorria. Lembro-me dela sempre a sorrir. Fizemos amizade por causa dos livros: ela adorava ler e tinha uma enorme biblioteca. Então, de vez em quando, trocávamos algumas obras emprestadas e ficávamos um bocadinho à conversa. A Maria sempre me intrigou por ser uma pessoa muito bem-disposta; não tinha filhos e vivia sozinha com dois gatos, os “seus meninos” como ela lhes chamava. Um dia arranjei coragem para fazer-lhe a pergunta que me alimentava a curiosidade havia tempo: “A Maria nunca casou?”. Ela sorriu e respondeu-me, calmamente: “Casei sim, tinha quarenta e dois anos. O meu marido morreu seis anos depois, mas foram os tempos mais felizes da minha vida. Posso viver até aos duzentos que tenho memórias que cheguem para isso”. Calei-me. A Maria faleceu dois anos depois, vítima de um ataque cardíaco fulminante, mas há-de ficar para sempre viva em mim com o  seu sorriso fácil e ao seu precioso ensinamento.
Havia também o meu tio Martins, que sofria de esclerose e que se manteve solteiro até aos setenta e muitos anos, altura em que partiu. A esse, num dos seus raros momentos em que ele ainda conseguia manter uma conversa, perguntei-lhe também: “Porque é que o tio nunca se casou?”. Ele olhou para mim fixamente e respondeu-me com a mesma segurança e convicção que outrora tinha feito dele um homem muito respeitado e respeitável: “Para quê? Eu tinha as mulheres que queria”, e voltava a pedir-me as fotos dos jantares e festas no navio, da altura em que era comissário de bordo, onde se viam muitas raparigas com cinturinhas de vespas e belos vestidos, com um ar arrebatado, sentadas ao seu lado ou perdidas nos seus braços, a dançar.
O meu tio Martins tinha um amigo que frequentava a casa e que esteve com ele até ao fim, era o saudoso Ricardo Alberty que insistia em ensinar-me inglês nos serões que passávamos juntos em casa do tio e me contava, orgulhoso, que a Rosa do Canto se tinha estreado no teatro com uma peça que ele escrevera... A ele nunca cheguei a perguntar o motivo de ter chegado àquela idade sozinho, mas também não foi preciso porque ele respondeu-me na mesma (e não foi só a mim), através dos livros de histórias para crianças que deixou publicados. Que outra coisa senão o amor lhe teria possibilitado voar para o lugar secreto onde mora a perfeição: o reino dos sonhos e da fantasia onde nada acontece por acaso!?
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NOVIDADE: Fórum Divórcio

Hoje tenho um presente para todos nós: finalmente lá consegui arranjar maneira de expandir o espaço virtual do Diário de uma divorciada. Assim, construí mais umas quantas assoalhadas. Trata-se do novíssimo "FÓRUM DIVÓRCIO", um espaço onde todos podem participar e interagir. A ideia é promover o saudável convívio entre todos os divorciados (e não só), trocar ideias, experiências, opiniões, desabafos, etc... Os assuntos estão divididos por temas e até existe o "bar do clube" para descontrair. Julgo que vai ser uma mais valia para a comunidade.

 

Espero que gostem!

 

O link para o FÓRUM DIVÓRCIO está na faixa lateral direita do blog, mas também poderão aceder clicando aqui: http://divorciados.forumeiros.com/index.htm

 

 

P.S.: todas as críticas e sugestões serão bem recebidas.

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Cogitações

 

Isto hoje está calminho, não se passa nada. Está sol, é feriado em Lisboa e aqui por Sintra há muitos serviços fechados. O fim-de-semana, vou passá-lo a estudar. É praia que eu não aproveito mas tal como digo à minha filha, não se pode ter tudo… ao mesmo tempo.
É bom ter um objectivo; é bom ter este objectivo. O curso sempre foi algo que eu quis muito e dá-me imenso prazer ir cumprindo as etapas: desde o stress da preparação para os exames até à euforia da saída das notas, é tudo indescritível!
O mundo torna-se mais inteligível à medida que vamos aprendendo. Os livros sempre me acompanharam. Com eles já viajei pelo mundo, já fui velha, criança, ri, chorei, amei e parti vezes e vezes sem conta. E não, não é que queira afastar-me da realidade, porque gosto bastante do meu mundo real, mas, sei lá, acho que preciso sempre deste condimento. Costumo auto-designar-me de aprendiz; tenho uma mente muito curiosa e irrequieta: observo, procuro saber, penso e volto a observar… Foi assim que fui desenvolvendo o meu espírito crítico.
Por outro lado, o meu regresso à solidão obrigou a encarar-me e a reencontrar-me. Quantas vezes,  sentindo-me infeliz, me perguntei: “crescer é isto?”. Não, não era. Crescer é sermos nós próprios mas com mais sabedoria.
É incrível a maior rapidez com que uma pessoa apreende o mundo quando consegue estar só e em silêncio; a calma e a paz que se conquista… E o melhor de tudo é o reencontro com a nossa essência, o regresso à nossa identidade. Não significa que uma pessoa ao lado de outra não consiga desenvolver-se e auto-realizar-se, mas para isso acontecer, tem que se escolher com cuidado, sem nos deixarmos levar pelos acasos da vida. Há seres muito ruidosos que chegam a interferir com o nosso carácter e a impedir-nos de avançar.
As pessoas não sabem, muita gente não tem consciência de si enquanto ser autónomo. Acreditem: não têm que viver na sombra com medo da solidão, pois a solidão pode ser o vosso passaporte para a liberdade e paz de espírito. Somente quem passa pela solidão construtiva alcança o discernimento necessário para escolher quem quer por companhia.
Pensando bem, as pessoas são um pouco como o livros, cabe a cada um decidir o que lhe interessa ler.
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Famílias Monoparentais: petição

Queridíssimos e queridíssimas leitores e leitoras,

 

Nem imaginam... é que nem fazem ideia do que me chegou hoje ao mail!! Eu conto, eu conto:

 

Todos nós sabemos (principalmente as mulheres) que uma das principais dificuldades que enfrentamos após um divórcio ou separação é o facto de nos tornarmos chefes de uma família monoparental, o que nos deixa bastante condicionadas a todos os níveis, e mais ainda porque não temos qualquer tipo de apoio. Pois vamos tentar mudar isso, assinando esta petição:

 

http://www.petitiononline.com/1495038/

 

A petição conta, neste momento com 308 assinaturas, vamos ver quantas mais conseguimos!!

 

Mas há mais: está a ser criada uma Associação de Famílias Monoparentais. Para saberem mais consultem o blog da Ana Pinho:

http://familia-mono-parental.blogspot.com/

 

 

Digam lá se não são óptimas notícias!?

 

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Anda tudo a bater mal da bola...

 

Aviso já que esta problemática nada tem a ver com o divórcio, mas este tema é daqueles tão actuais, tão actuais, que por muito que se tente ignorar, não se consegue.
Alguém que me explique o raio da agitação que para aí vai por causa do futebol!? Uma pessoa liga a televisão para ver as notícias e é só futebol; vai-se à net e toma, mais futebol; no café, no trabalho, no Banco, o tema é a vitória de Portugal… no futebol (até no Diário de uma divorciada já se fala de futebol).
Eh pá, tudo bem. Eu não gosto de futebol, mas não tenho raiva a quem gosta; vivo e deixo viver. Só acho esta onda de patriotismo perfeitamente exagerada por causa de um motivo tão fútil.
É claro que, apesar de não gostar de futebol, agrada-me saber que Portugal vence, mas daí a pendurar bandeiras em todo o lado!? Ainda se eu estivesse num país estrangeiro e a equipa portuguesa viesse jogar cá, ainda vá que não vá, mas caramba, eu estou em Portugal, sou portuguesa. Qual é a dúvida?
Quanto aos emigrantes, acho bem que se mostrem, que se manifestem para todos saberem que há imensos portugueses na Suiça, mas dai a manterem-se horas à espera de ver passar o autocarro com os jogadores só para ficarem, durante uns segundos, a uns metros dele (porque as barreiras dos seguranças não deixavam avançar ninguém) e ainda por cima, com os vidros fumados!? Vê-los ficar ali horas mascarados de portugueses e ainda ter que assistir a uma jornalista com a pergunta tão repetitiva como imbecil de “o que é que sentiu por estar a tão curta distância dos jogadores?”. Desculpem lá mas cenas como esta deixam-me completamente constrangida por ser portuguesa!
E se é para arranjar um bode expiatório, então a culpa é dos media que alimentam estes fanatismos. Valia mais irem à procura de portugueses que se destacam por esse mundo fora em áreas muito mais importantes e relevantes para a humanidade tais  como, medicina, engenharia ou qualquer outra em que haja portugueses a inovar e a marcar pontos em vez de golos. Isso sim é que era assunto digno de orgulho patriótico! Agora contribuírem para endeusar o Cristiano Ronaldo, só porque o puto é bom a chutar a bola!? para quê!? Para um miúdo que, se calhar mal sabe ler e escrever, encher a conta bancária com mais uns milhões enquanto há portugueses a dormir nas ruas e a morrer à fome?
Há vida na terra ou está tudo com o raciocínio lógico bloqueado por causa da religião futebolística?
 
 
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Sem sexo na cidade

Poderia ser a história da minha vida desde há uns tempos para cá, mas não. É apenas um trocadilho.

 
Ir sozinha ao cinema nem sempre é uma experiência agradável, especialmente quando uma pessoa abanca, toda satisfeita, numa fila vazia e, instantes depois do filme começar, se senta à sua direita uma senhora cujo telemóvel não pára de tocar e à sua esquerda uma roedora de pipocas. Valeu-me o filme ser interessante: o “Sexo e a Cidade” sempre foi uma das minhas séries de culto, vi os episódios todos e até tenho o livro. Assim que soube que o filme ia estrear em Portugal, mal me apanhei com um bocadinho livre, zuca, aí vai ela!
 
Não vos vou contar o enredo, mas posso garantir-vos que, tal como a série, este filme é um verdadeiro hino à amizade e cumplicidade femininas, o que só por si, já justifica.
 
O que me entristeceu foi o fechar do ciclo; por um lado, a bem merecida coroação da série, mas por outro, o seu “Happy End”. É que, como toda a gente sabe, “Happy End” num filme para gajas significa, para não variar, acabar tudo em casamento. E entristeceu-me porquê!? Porque... porque é bom e saudável viver o hoje e o agora e deixar o amanhã para depois, para quando chegar a altura. Só que com o passar do tempo, a altura acaba sempre por chegar, não é? Estas quatro meninas, por exemplo: uma delas até comemora o seu meio século de existência no filme.
 
Tudo começa e tudo tem um fim, o próprio “Diário de uma divorciada” um dia também vai ter que acabar. Em livro ou em casamento, isso eu ainda não sei. Se bem que a segunda hipótese me pareça pouco provável. Ao que consta, a idade limite para uma mulher se casar vestida de noiva são os quarenta anos, a partir daí, já se torna um bocadinho despropositado. Quatro anos são quantos os que me faltam para chegar aos quarenta e eu nunca me vesti de noiva. Na verdade, nunca fiz muita questão, mas pensando bem, até era capaz de ser giro, desde que fosse ao lado do tal...
 
Quatro anos! Quatro anos serão suficientes para me deixar contagiar pelo sonho romântico do vestido branco, conhecer o homem da minha vida e entrar no velho conto de fadas do “e foram felizes para sempre”? Não sei, mas parece-me um bocadinho apertado. Se não aconteceu em trinta e seis anos...
 
Calma, não se entusiasmem ainda! Não se livram de mim assim tão depressa! Esperem só até me passar o efeito do filme...
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Divorciados do Norte - debate televisivo

 

A pedido da jornalista Fátima Torres, fica aqui um convite para a presença de um divorciado e uma divorciada, de preferência com filhos, para o seu programa de Informação da Região Norte Televisão (RNT), Palavra de Honra, sobre o divórcio e as novas leis, a 18 de Junho às 12 horas, nos estúdios na Zona Industrial do Porto, Rua Delfim Ferreira, 780.

A ideia é tratar na primeira pessoa o assunto do divórcio que, naturalmente, não é fácil mas que (começa a reconhecer-se) afecta cada vez mais gente. Estará também presente um advogado. O programa é gravado à quarta e emitido na terça seguinte pelas 22horas no canal de notícias da RNTV na TVTEL ou no site www.rntv.pt com a duração média de uma hora.
Se houver alguém interessado em participar, só têm de contactar o site acima mencionado ou enviarem-me um e-mail, que eu tratarei de reencaminhar.
Depois contem-me tudo, ok?
 
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Sobreviver aos primeiros tempos

 

Uma situação de ruptura é sempre problemática. Por mais que uma pessoa tenha planeado e esteja ansiosa por recomeçar a viver, os primeiros tempos são sempre de um certo desnorteamento. A pensar nisso, resolvi deixar-vos algumas dicas, uma espécie de manual de sobrevivência que poderá ajudar-vos a ultrapassar a crise inicial:
1. Não façam do vosso divórcio a manchete do século. Procurem não andar a dar satisfações a toda a gente acerca do acontecimento. A não ser a família e um ou outro amigo mais chegado, ninguém das vossas relações precisa de saber as razões pelas quais resolveram separar-se. As pessoas têm sempre tendência para dar palpites e isso pode impedir-vos de encarar os factos de forma objectiva.
2. Ainda relativamente aos outros, o ideal é evitar o assunto com pessoas dramáticas ou que gostem de apontar o dedo. Digam não aos falsos moralistas e não tenham medo de ficar sós, porque os amigos verdadeiros são aqueles que nos apoiam em todas as circunstâncias e incondicionalmente. Se assim não for, é sinal que a amizade não era autêntica. Aliás, situações como o divórcio são óptimas para avaliar quem são os nossos verdadeiros amigos; Quem não interessa, fora! Desabafar faz bem, mas só com quem consegue ouvir-nos sem nos julgar. À falta de um bom amigo, vale a pena investir num bom psicoterapeuta.
3. Estranhar a falta do outro é normal, assim como é normal sentir um vazio no início da separação. A rotina vicia e provoca uma falsa sensação de segurança que é ameaçada quando há uma alteração. Se chegaram até aqui com a certeza do que queriam, não cedam agora! Esta fase é transitória.
4. A ideia é recomeçar, ok? Então não há por que adiar esse recomeço. É agora! Hoje! Aliás, em muitos casos deveria já ter sido ontem, não é? Vá, vá, vá! Toca a arregaçar as mangas e mãos à obra! A primeira coisa a fazer é tentar tirar partido do tempo livre que agora vos sobra. Que tal uma nova actividade? Há muitas coisas que se podem fazer a solo, como ir ao cinema ou fazer uma corrida à beira-mar, por exemplo.
5. Tentem não frequentar os mesmos locais que frequentavam com o vosso ex, caso isso vos deixe nostálgicas. Pelo contrário, nesta altura, vale tudo para combater a nostalgia; filmes ou livros românticos e tudo o que puxe à lamechice está absolutamente proibido! Ainda vão acabar com pena de vocês mesmas, o que não interessa mesmo nada para fazer face à nova vida que aí vem.
6. A palavra de ordem é MUDAR, portanto, mudem tudo o que puderem! Experimentem ir para o trabalho por outro caminho ou ir às compras a locais diferentes. Se tiverem que ficar a viver na mesma casa onde viviam enquanto casadas, mudem os móveis de lugar e mudem os adereços e cores das paredes.
7. Sempre que possível, é de todo o interesse manter uma boa relação com o vosso ex, especialmente se houver filhos. Tal vai permitir, por um lado, que o sentido de perda seja menor, e por outro lado, deixar-vos mais descansadas no que toca ao futuro das crianças.
8. Mesmo que a separação decorra de uma forma relativamente amigável, é inevitável a nossa auto-estima sair um bocadinho beliscada, por isso cuidem da vossa imagem e dediquem mais tempo a fazer coisas que gostem. A base da autoconfiança começa aí.
9. Há sempre inúmeros assuntos de carácter prático a resolver depois de uma separação. Não há uma fórmula mágica para que tudo fique resolvido num piscar de olhos. O melhor é tratar um problema de cada vez e não ceder ao orgulho recusando ajudas exteriores que podem ser preciosas nesta altura do campeonato.
10. Muito importante: não se envolvam amorosamente com ninguém antes de terem resolvido todos os conflitos emocionais referentes ao relacionamento que terminou. Quando uma pessoa está emocionalmente fragilizada, qualquer miragem pode parecer um oásis e sem querer, poderão estar a sair de uma situação má para outra ainda pior. Falar em “fazer o luto”, nestes casos, faz todo o sentido.
 
Com o tempo, persistência e alguma autodisciplina, acabarão, tal como eu, por descobrir que afinal, a vida depois do “fim do mundo” não é mesmo nada má!

 

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