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Diário de uma divorciada

Diário de uma divorciada

Outras Telas

Estar sozinha em casa e poder desfrutar de um ou outro momento de lazer é um luxo difícil para quem vive em família, pelo que, há que aproveitar o facto de se ter o sofá só para nós.
Porque as novelas já não nos enchem as medidas, porque os jornais estão repletos de sensacionalismos políticos e porque a maior parte das revistas femininas não interessam nem ao menino Jesus, aqui vão algumas sugestões de filmes divertidos e inspiradores para aqueles momentos de relaxamento a solo (a ordem é completamente arbitrária):
CLOSER (Perto Demais) – Um filme que fala sobre os perigos da proximidade exagerada numa teia de sentimentos limite envolvendo amor e sexo num enredo de personagens absolutamente Genial.
MATCH POINT (Ai, se fosse apenas pela criatividade daquela cabecinha, este woody Allen levava-me ao altar…) – Será que controlamos mesmo tudo ou é o acaso que nos guia em grande parte do nosso caminho? Nesta película é feito um paralelismo entre a vida e um jogo de ténis. Ganhar ou perder, tudo depende do lado em que a bola cai.
A COISA MAIS DOCE (The sweetest thing) – A alegre e divertida Cameron Diaz é uma de três amigas solteiras e sexys que só pensam em diversão, mas eis que um dia, assim sem mais nem menos, o amor toma a forma de um homem perfeito que está prestes  a…. Casar-se com outra (ehe…isso é o que vamos ver).Divertidíssimo!
INSTINTO FATAL 2 – Este dispensa apresentações. Quem viu o 1, vai adorar o 2 e para quem não viu, não faz mal, o filme vale por si mesmo. Desta vez a poderosa e sedutora Catherine Tramell define-se ao seu psiquiatra como uma mulher que “gosta de correr riscos”. O terapeuta entra no jogo e acaba num… manicómio! Do melhor!
COMO PERDER UM HOMEM EM DEZ DIAS – É sobre a guerra dos sexos: ela é uma repórter feminista que anda a escrever um artigo sobre tudo o que não se deve fazer quando a ideia é manter um homem ao nosso lado. Ele é um solteiro conquistador, que faz uma aposta em como consegue que uma mulher se apaixone por ele em apenas 10 dias. Os dois cruzam-se e o resultado é uma comédia surpreendente.
LOST IN TRANSLATION traduzido para português para “O amor é um lugar estranho” – Eu também acho. Dois estranhos num lugar estranho onde nada é seguro e tudo é incompreensível, desde a língua aos próprios sentimentos. Mais palavras para quê?
O DIABO VESTE PRADA (e nós também, não é Rita?:)) – Adoro a capa e a banda sonora, mas tirem-me dali a Meyl Streep (desculpem, mas não gosto dela)! No geral, o filme é leve e divertido. Fala de uma jovem simples e pouco preocupada com as tendências, que consegue um disputado emprego numa prestigiada revista de moda. Andy está completamente desenquadrada do meio, mas com muito trabalho, dedicação e genuinidade depressa consegue um lugar de destaque. É um bom filme para descomprimir.
TELMA & LOUISE – é um clássico, eu sei, mas não podia faltar. Telma (Geena Davis) e Louise (Susan Sarandon) pretendem juntas fazer uma pausa nas suas enfadonhas e complicadas vidas amorosas e partem rumo a um fim de semana que acaba por ser a aventura das suas vidas. Alegre e comovente ao mesmo tempo, deve ser, para aí, o único filme em que o Brad Pitt faz um papel secundário.
E pronto. Espero que tenham gostado das sugestões cinematográficas e que se divirtam como eu me diverti a ver estes filmes. A Selecção deu um bocadinho de trabalho, mas vocês merecem! Para a próxima é para afastar os móveis e dançar até cair para o lado! Música alegre e dançante… (quem disse que uma pessoa sozinha não se diverte, hã!?)...Next!
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Nudez

Meu querido diário,
 
Até aqui tens sido testemunha do meu modo de estar na vida: feliz conforme sei, observadora, critica, participativa. Entusiasta o suficiente para que não apareças como uma página carregada de negras lamentações. Contigo, tenho partilhado aventuras, tenho divagado e feito sorrir muita gente, talvez até tenha posto alguém a pensar ou até tenha mesmo servido de exemplo sobre aquilo que se deve ou não ser. Há quem se inspire nas entrelinhas e há até quem se aventure a adivinhar-me. A verdade é que raramente me exponho. Fragmento-me em ideias e pensamentos mas raramente estou aqui na minha essência.
 
Parece-me que, hoje em dia, já me conheço o suficiente para puder descrever-me; para puder partilhar-me, finalmente, contigo e com todos aqueles que nos lêem. Afinal, quem sou eu? Que mulher se esconde por detrás deste estado civil? Quem é esta pessoa?
 
Às vezes simples, às vezes complicada...
 
Gosto de escrever e de escrever com vocábulos inequívocos, perfeitamente ciente que quanto mais simples as palavras mais universal a mensagem.
 
Tenho 36 anos de idade que ora corto ao meio ora duplico consoante a vida se me apareça mais distraída ou mais exigente.
 
Gosto de pessoas e gosto de gostar de pessoas, sobretudo das que me inspiram e das que têm algo para me ensinar (e todas mas todas acrescentam sempre alguma coisa àquilo que já sou). Tanto quanto possível, sou selectiva nas minhas amizades e afasto-me de quem se lamenta só porque o dia acordou cinzento.
 
Demorei muito tempo a perceber que a realidade, tal como os filmes, é feita de bons e de maus; de gente bem e mal intencionada. Para mim, como boa amante de psicologia que sou, até uma determinada altura, todos os actos eram justificáveis atendendo ao ponto de vista de quem os praticava. Um belo dia, sem saber como nem porquê, lá me convenci que não era, de facto, assim. Provavelmente, foi este o ponto de viragem que fez tombar por terra a minha capacidade de sonhar e me impeliu a fazer-me ao caminho por minha conta e risco. O mundo não cede apenas porque estamos frustrados.
 
Torno-me chata porque sou demasiado responsável e demasiado perfeccionista. Tenho a mania que sou independente, mas na realidade, embora consiga, geralmente, resolver sozinha os meus problemas, a verdade é que me escondo um pouco nesta minha carapaça de mulher auto-suficiente. Provavelmente, para não deixar que os outros se aproximem o suficiente de mim para me magoarem. Pois. Todos temos o nosso “calcanhar de Aquiles”...
 
Tenho muitas coisas que me realizam e acredito ser mais feliz do que uma grande parte da humanidade; amo viver e gosto de traçar objectivos um atrás do outros e só parar quando sou obrigada. Se há uma qualidade que me defina, essa qualidade é, sem dúvida, a persistência: se me proponho alcançar uma meta, posso demorar anos, mas acabo por chegar lá. A palavra impossível não consta do meu dicionário.
 
Já cometi alguns erros no meu percurso. Não me crucifixo por isso, sou humana. Creio bem que o maior de todos os meus erros foi o facto de ter-me casado com a pessoa com quem casei... Adiante, não gosto de arrependimentos, o que está feito, está feito e se é verdade que nós não podemos modificar o passado também é verdade que podemos lançar-lhe um novo olhar e dar-lhe um novo significado, um significado que justifique o nosso presente. E é isso que eu faço: se eu não me tivesse casado com aquela pessoa, a minha filha não estaria cá hoje e eu não consigo imaginar a minha vida sem ela.
 
Normalmente, não sou muito chorona nem gosto de alimentar estados depressivos, mas há alturas em que me sinto um pouco incompleta. São principalmente aqueles momentos em que uma amiga chora por um amor que terminou ou outra que partilha comigo a perícia sexual do seu novo namorado. É aí que eu, às vezes, me sinto envelhecer o dobro, um pouco assim como se vivesse fora do mundo ou fosse apenas uma espectadora que de vez em quando tem que arbitrar o jogo da vida dos que me cercam e manter-me, o mais possível, imparcial.
 
Sabes uma coisa, meu querido diário? Existem mil e um motivos para que eu, a cada dia que passa possa orgulhar-me de ser quem sou e de ter a vida que escolhi, mas nem sempre essa certeza impede este nó na garganta, nem mesmo quando regresso aos meus dezoito anos a flutuar numa irresponsável inconsciência...
 
Há quem tenha medo da morte, medo de arriscar ou simplesmente medo de perder. O meu maior medo é o de não conseguir perceber a tempo que ninguém vive sem amor ou pelo menos, sem a esperança de ter um dia a seu lado, alguém com quem mereça a pena partilhar quem somos.
 
Porque o mundo não cede às nossas frustrações mas está-se perfeitamente a cagar para quem escolhe apenas “ser forte”.
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Da importância de um bom perfume

Escolher um parceiro duradouro é assim como escolher um perfume para nos identificar. Dizem os entendidos que o perfume é algo que nos distingue e que o facto de se usar sempre o mesmo é uma questão de atitude; ajuda-nos a marcar presença e mostra-nos como alguém com personalidade.
 
A função de uma essência é reflectir um pouco daquilo que somos, pelo que não deve ser uma coisa forçada porque se for forçada mais vale usar apenas água e sabão. Isto ou a velha máxima que diz que “mais vale só que mal acompanhada”. Na prática, tal significa que se exalarmos um odor químico que não tenha mesmo nada a ver connosco, a imagem que se transmite aparece distorcida. Por exemplo: o que é que o Chanel n.º 5 tinha a ver com a sedutora e fresca imagem da mítica Marilyn Monroe? É que não tinha mesmo nada a ver! E analisando sob uma outra perspectiva: o que é que a Bárbara Guimarães tem a ver com o Manuel Maria Carrilho? É por aí… Percebem agora porque é tão importante escolher o aroma certo?
 
Tal como um homem, um perfume não acrescenta nada aquilo que uma pessoa já é, apenas deve traduzir e revelar o que cada uma tem de melhor. Sim, porque a história de que os opostos se atraem e tal é uma grande treta, pois já dizia a minha avó que “pelo noivo se tira a noiva e vice-versa”.
 
Ora bem, escolher um homem para ficar ao nosso lado para sempre (ao princípio) é ainda mais difícil do que escolher um perfume que diga tudo sobre nós.
 
E perguntam vocês: então e como é que se escolhe um bom perfume barra gajo?
Pois, lamento desiludir-vos mas não há um critério universal, tudo depende da maneira de ser de cada uma e das vossas preferências individuais. Existem, sim, alguns tópicos generalistas que podem e devem ser tidos como orientadores auxiliares numa tão difícil tarefa: primeiramente, há que atender ao composto de cada fragrância. Isolam-se as notas base e escolhe-se em função daquela que se prefere. Seguidamente (e isto é muito importante) há que optar por uma marca que tenha disponíveis versões para Verão, Inverno, dia e noite (seja, um tipo que seja digno de se apresentar às amigas, acompanhar-nos num evento da empresa, ir connosco negociar as taxas de spreed do Banco e muitas outras aptidões)... Ah e convém não deixar o frasco destapado para que a essência não se evapore. (Pssssiu! Rédea curta, Ok?)
 
Usar durante muito tempo o mesmo perfume ou homem tem apenas um pequeno inconveniente: chega-se a uma altura em que estamos tão familiarizadas com o seu cheiro que já não damos por ele. E é aqui que entram as amostras.
 
As amostras são sempre muito mais concentradas que o conteúdo dos frascos maiores. O que é lógico, pois a função das amostras é publicitar o produto. Logo, é bom que não se entusiasmem nem se deixem inebriar facilmente à primeira cheirada desatando a correr, feitas doidas, para a perfumaria mais próxima à procura do frasco maior que lá exista, porque correm o risco de não conseguir usá-lo até ao fim. Nisto, como em tudo na vida, há que usar do bom senso e moderação.
 
Se é verdade que os melhores perfumes estão nos frascos mais pequenos, o mesmo talvez aconteça com os homens com o inconveniente de que os homens pequenos são mesmo pequenos em tudo (sim, nisso também, não se iludam!) mas o que é certo é que duram e duram, e duram…
 
Por vezes, mesmo após a selecção final ainda podem persistir algumas dúvidas quanto ao facto da nossa selecção ter ou não sido a correcta.
 
Como saber, então, que aquela nota específica é mesmo a que melhor nos define?
 
É condição essencial que um odor nos envolva e tenha também a capacidade de envolver os outros. Caso nos provoque enjoos, não serve.
 
Por fim, existem disponíveis em todo o lado uns medidores sociais que são os outros homens e mulheres. Sabemos que fizemos a escolha certa quando os nossos amigos nos disserem por mais do que uma vez “cheiras bem” e as nossas amigas e as outras nos perguntarem que perfume estamos a usar. Quando isto acontecer, esse é “O” perfume. Podem tomar banho nele!
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Hipocrisia Social

Não, não venho falar dos milhares de devotos que enchem as igrejas aos domingos ou o santuário de Fátima no treze de Maio. E não, também não venho falar da retórica descarada dos partidos políticos ou da falta de carácter de alguns dos dirigentes deste país. Isso são questões já muito batidas e que deixo ao critério dos especialistas…
 Venho aqui falar do conceito de casamento e do que é que ele significa, hoje em dia, para uma boa parte dos seus adeptos.
O princípio primordial do casamento, tal como o conhecemos no mundo ocidental é a monogamia e quem casa, à partida, sabe que deve obedecer a esse princípio.
O que é que leva então “respeitáveis” homens de família (e mulheres também, mas são francamente em menor número, ou então mais discretas) a arranjar amantes e até chegar ao cúmulo de colocar anúncios à procura de aventuras extra-conjugais?
É porque não se trata, simplesmente, de uma questão de infidelidade ao próprio cônjuge, trata-se, igualmente, de uma questão de respeito relativamente a muitas outras pessoas que decidiram enveredar por outro caminho que não o do matrimónio.
Ou será que “a sagrada união do casamento” é cada vez mais e numa boa parte dos casos, um esquema para se poupar nas despesas e ter um papel privilegiado na sociedade!??
Já que não há tomates para se mudar o conceito de casamento, pelo menos que os houvesse para alguns “personagens” no sentido de não alinharem nele…
E não me venham agora os psicólogos de almanaque dizerem-me que sou uma pessoa cheia de ódio e rancor, porque eu posso ter perdido a inocência mas não a capacidade de me indignar.
E se há coisa que eu abomino é a hipocrisia, pá!
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Paralelismos

O Edu é das pessoas mais espectaculares com quem já me cruzei. Cabeça fresca e olhar suave mas maduro, assume, sem qualquer tipo de pudor, a sua homossexualidade e nota-se no seu tom de voz firme e melodioso que é uma pessoa feliz.
Bastante inteligente e com um refinado sentido de humor, o Edu é muito meigo e sensível e parece compreender as mulheres na perfeição. Além disso, conhece sítios fantásticos para se sair à noite e dá-se com gente muito bonita.
Na semana passada, juntamo-nos no jantar de aniversário de uma amiga comum e o resultado foi uma animada cavaqueira, cheia de risos e de completo à vontade.
Contava ele: tenho sempre amigas a dormir lá em casa, pois elas sabem que não há perigo!
Olha que bom  – pensei  eu – finalmente, um homem a quem posso pedir colinho e mimos à vontade sem ter que preocupar-me com o facto de ele puder pensar que estou a tentar seduzi-lo.
Acho que ganhei mais um amigo!
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Pequenos Prazeres

Descalça, vejam só! Descalça pela casa (agora dei em sonâmbula) e a ir direitinha ao armário dos doces à procura de um chocolate. Peguei num pacote de bolachas e presumo que ia deitar-me novamente quando tropecei no gato. Ca-tra-pum!! Por pouco não me matei! Despertei, assustada, sem saber onde estava mas não me esqueci dos chocolates. Para mal dos meus pecados, não havia um único lá em casa, pois deixei de comprá-los a bem da minha linha. Ok, sou “chocodependente”, e depois!?  
Ainda estive “vai, não vai” para vestir-me e ir lá abaixo às bombas comprar um Cadbury mas depois resolvi ganhar juízo e continuar a dormir. É claro que fiquei  bastante tempo às voltas na cama a pensar, a pensar e a pensar até chegar à brilhante conclusão que a vida sem cigarros, sem sexo e sem chocolates, às vezes é um bocadinho enfadonha…
Conclusão: de manhã não ouvi o despertador. Acordo com a voz aflita da minha filha: “Mãe! Mãããããe!! O meu pequeno almoço não está na mesa. O que é que eu vou comer?”
E eu (ainda meio a dormir): “Chocolates!”
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A Amiga Alcoviteira

Ter que definir prioridades na minha vida nem sempre é fácil, sobretudo por não ter com quem dividir as responsabilidades da filha nem da casa, mas também não é um bicho-de-sete-cabeças e eu cá me vou arranjando. Tenho uma agenda de papel, doméstica, onde vou anotando todos os meus compromissos por dias e por hora. Um visto verde nas coisas que vão ficando feitas e uma cruz a vermelho nas que ficam por fazer e que transitam para o dia imediatamente a seguir. Todos os dias a agenda tem tarefas. Ele é marcar uma consulta no médico, fazer compras, pôr um casaco na lavandaria, mudar a areia do gato, passar a limpo uns apontamentos, pagar a inscrição do ginásio… e isto tudo em período pós-laboral.
Os fins-de-semana são os dias em que, por norma, estou mais livre mas ainda assim, por vezes, tenho que desdobrar-me entre levar a minha filha ao cinema, ir à reunião do condomínio, ir à reunião da escola, festejar o aniversário de uma amiga e ainda tratar das roupas, da casa, etc.. Muitas vezes tenho mesmo que dizer NÂO a alguns programas e toda a gente acaba por entender que não é má vontade.
Toda a gente excepto a Sara:
- Ana, eu não sei como é que tu aguentas esse ritmo! Já reparaste que estás sozinha porque não há mais espaço na tua vida? Quando queremos dar conta de tudo ao mesmo tempo alguma coisa tem que ficar para trás. No teu caso, estás a deixar o amor para trás. E, o pior, é que nem páras para te dar conta disso!
- Oh, Sara, o amor não precisa de tempo, o amor vive dentro de nós e tem várias formas; tudo aquilo que faço, faço com alegria, são as funções que tenho nesta minha vida e é isso que dá sentido à mesma. É assim tão difícil de encaixar!? Além disso, sabes bem que sou uma pessoa divertida. Ninguém precisa de estar apaixonada para se divertir e nós até temos um grupo porreiro e até nos divertimos bastante. Ou não!?
- Não mudes de conversa! – cortou-me a Sara.
- Não estou a mudar de conversa e sei bem a que tipo de amor te referes, mas enganas-te quando pensas que o deixei para trás; para mim ele já esteve presente no passado e irá novamente estar presente, algures no futuro. Se calhar é por isso que não me dou conta dele porque ele está um bocadinho mais à frente…
- Tens sempre a resposta na ponta da língua, ma eu tenho um programa para sábado que acho que vais gostar: marquei um jantar com o Rui e ele vai levar um amigo, o Miguel, aquele borracho de que já te falei.
Era forçoso. Tive que fazer acompanhar a minha resposta do meu olhar n.º 5 (o desencorajador):
- Negativo! Este fim de semana ninguém me arranca de casa porque tenho que estudar para o próximo exame!
- Tanto estudo, tanto estudo… Qualquer dia ficas com os fusíveis (ainda mais) queimados! Nem sabes o que perdes. O Miguel é um “pão” e ainda por cima está descomprometido.
A bem dizer, eu adoro a Sara, mas detesto as suas alcoviteirices. Tenho que ter uma conversinha séria com esta menina, coisa que não dá para anotar na minha agenda de papel doméstica porque tenho mesmo que estar inspirada, mas ela não perde pela demora!
Passou-se!! Agora a impingir-me gajos!? Então mas eu lá cheguei a esse ponto!?
Era o que mais faltava!!
Já agora…!
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O Mercado Masculino

Uma mulher que pretenda adquirir uma casa, um carro, um secador de cabelo ou escolher um destino para férias, logo se depara com  diversos especialistas de mercado a aconselharem-na. Porém, se quiser adquirir um homem, apercebe-se imediatamente da grande “lacuna comercial” existente nesta área.
Ora bem, não sendo eu uma especialista, resolvi ainda assim, tentar minimizar esta enorme falha, contribuindo com alguns tópicos generalistas:
 “Os homens são todos iguais!” – Onde é que eu já ouvi isto?
Bem, na verdade, e assim à primeira vista, tirando as características físicas, não se notam grandes diferenças. Isto numa abordagem superficial, é claro, mas vamos por partes:
Os medos: Os homens têm, pelo menos, dois medos que são comuns a toda a espécie. São eles: O medo de ficarem carecas e o medo de terem uma pila pequena. Este último é mesmo o seu “calcanhar de Aquiles”, testado e comprovado por milhares de mulheres pelo mundo fora.
O ego: o ego masculino não difere muito de exemplar para exemplar, todo ele se alimenta à volta dos elogios à sua performance sexual. Um homem vai crescer uns três palmos se for elogiado neste ponto, por isso, minhas meninas, se se dicidirem por um par muito baixinho, ao invés de lhe puxarem as orelhas ou usarem saltos rasos para ficar à sua altura, elogiem-lhe a sua competência sexual.
O Talento: todos os homens têm um talento especial, que se destaca de todos os outros. No entanto, há uma espécie de talento que eles gostam sempre de evidenciar (ainda que muitos nem o possuam) que tem de ser, necessariamente, um destes dois: o talento para as máquinas ou para discutir futebol. Gajo que não saiba programar um aparelho doméstico, dar palpites sobre o problema mecânico do vosso carro ou estar em dia com as novidades do seu clube, não está completo.
E pronto, isto é a versão original com que podem contar, até aqui o modelo foi feito em série, depois há os pontos opcionais dependendo das preferências pessoais de cada uma e que têm a ver com: a personalidade, a forma de estar na vida, a profissão escolhida, a cor dos olhos e cabelo, a estrutura física e mais alguns extras que podem já vir instalados ou que dão para adaptar.
Boas aquisições!
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Rapidinha

Na minha perspectiva, o género feminino divide-se em três subgéneros:

1 - As mulheres propriamente ditas

2 - Os colegas de trabalho

3 - Os homens casados

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Casar ou não casar

Conheci a Vera num dos meus jantares de mulheres, éramos cinco ao todo, mas depressa nos tornamos três pares. Na nossa mesa tiravam-se fotos e davam-se gargalhadas. Reparamos na Vera quando ela nos olhou de soslaio de uma mesa vizinha. Estava sozinha e tinha olhos de choro.  Convidámo-la para nos fazer companhia e ela aceitou. Passado pouco tempo, já com uma cara mais alegre e ao cabo de dois ou três copos de sangria, lá se abriu connosco: que estava pela terceira vez a voltar para o marido e que, pela terceira vez estava a sentir que não valia a pena; que tinha tudo para se sentir feliz: uma carreira de sucesso, bens materiais e um homem que a mimava e a tratava como uma princesa, mas que não se sentia realizada.
Reuniu-se o consílio e depressa a grande questão voltou à baila: casar ou não casar? E porquê?
Fomos a votos e acabamos por ficar surpreendidas por não estarmos a referir praticamente qualquer ponto a favor do laço matrimonial. Mais, chegamos à brilhante conclusão que o casamento, em si, não é mais que um contrato de exclusividade. Uma mulher casada torna-se, prioritariamente, uma mulher comprometida. Comprometida com a sua vida familiar e comprometida com um homem. É isso que a sociedade ainda espera de nós. Emancipação e casamento não rimam muito bem.
Casar para ter estabilidade emocional também já não está com nada. O conflito de personalidades desgasta mais do que uma companhia sempre presente apazigua.
Outro grande facto é que a maior parte dos homens não se sente bem ao lado de uma mulher bem sucedida. Nada a fazer. Foram séculos de soberania masculina que não se apagam apenas com uma década e meia.
Depois, o celibato dá-nos uma liberdade de acção impensável para uma mulher casada: o sair só com as amigas, ir acampar só com uma ou ficar a conversar no carro madrugada dentro são pequenos prazeres para os quais um casamento raramente deixa espaço.
Além disso, o conceito de casamento carece tanto de actualização como o sermão do Padre na cerimónia católica: “até que a morte os separe” quando estaria mais correcto dizer “até que um motivo de força maior os separe”.
Num registo estatístico de 2001 (claro que já desactualizado) contabilizava-se, em Portugal, um divórcio por cada três casamentos. Estou convencida que este resultado se inverteria se contassem com as pessoas como a Vera que estão casadas por teimosia, para parecer bem ou apenas porque sim. Porque sim é, aliás, a resposta que dou sempre que não me apetece dar explicações inúteis a algumas mentes mais complicadas que adoram fazer-me "A Pergunta":
 - Então e porque é que continua sozinha?
- Porque sim!
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