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Diário de uma divorciada

Diário de uma divorciada

Pesquisar Pessoas

Na Net nada se perde, tudo se encontra. Especialmente pessoas.
Falemos, pois, de pessoas. Gente. Seres pensantes.
A oferta é vastíssima: ele há gente solteira, nova, velha, casada, mal casada, divorciada, à procura de novos horizontes, gays, aventureiros, tarados… gente que se diverte inventando personagens, pessoas sérias à procura de uma porta aberta para o futuro, enfim… um sem número de hipotéticas escolhas à distância de apenas uns cliques.  Há lugar para todos, até para os que não sabem escrever na própria língua materna (à semelhança dos imigrantes clandestinos – Desculpem a politiquice da “piada”!! )
Antigamente eram os anúncios nas revistas femininas e as agências matrimoniais, hoje são os sites de encontros e de amizade. Nestes últimos pode escolher-se a cor dos olhos e cabelo, a altura, a profissão, a idade, o estado civil, as preferências sexuais, etc. – O que, convenhamos, é muito mais prático e absurdamente mais fácil.
Estamos na era do deslumbramento virtual, onde se compôem  verdadeiros retratos-robôs, personagens à medida dos nossos ensejos; a era em que os sonhos saltam para o mundo paralelo e lá tomam a forma desejada (quem é que não conhece ou não ouviu já falar, por exemplo, do site “Second Life”?)
A questão é: que vantagens e desvantagens para nós, mulheres e homens modernos em ter um mundo tão vasto à nossa inteira disposição?
Vantagens :
1ª) contactar com pessoas que de outra forma, por circunstâncias várias, dificilmente se iriam cruzar no nosso caminho.
2ª) Apercebermo-nos do pensamento social geral ao confrontarmo-nos com ideias convergentes das nossas, o que vai permitir-nos alargar horizontes e tornar-nos mais conscientes da nossa própria identidade.
Já as desvantagens (a que eu preferiria chamar riscos) também as há:
1ª) Idealizar-se demais o outro (um Deus pode revelar-se um totó)
2ª) A concorrência é grande; geralmente uma pessoa “batida” nestas andanças atinge um nível de pensamento rebelde, que foge completamente ao convencionado, do género: onde se encontrou aquela pessoa, encontram-se muitas outras, basta apenas um pouco mais de persistência. Ou seja, as pessoas tornam-se descartáveis, assim como as relações (porra! Isto assusta!).
3º) Nas relações humanas, reais, reconhecemos os outros  especialmente pelo seu carácter. Já no mundo virtual, a personalidade é, não raras vezes, uma coisa muito relativa.
Posto isto, cabe a cada um decidir a forma de explorar este “admirável mundo novo” . . E cada um é que sabe.
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Amizade e Amor

Amizade ou amor: qual o mais seguro, o que melhor resiste às intempéries da existência?
Há quem diga que é a amizade, porque na amizade somos mais autênticos, não nos esforçamos para agradar e não temos medo de ser abandonados. Algumas vezes, porém, as amizades também nos desiludem e atingem quando se esfumam no tempo espalhando as suas cinzas pelas próximas pessoas que hão-de vir.
Esta noite velei a tua alma, chorei o pranto desesperado da viúva e enterrei viva a tua memória. Hoje, ao escutar o silêncio da vida a meu redor, compreendi que, ao escolheres deixar de fazer parte do meu mundo, tinhas partido para sempre.
Descansa em paz!
“ E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos” – Vinicius de Moraes
 
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E a vida avança

Hoje começou uma nova etapa para a minha filhota: foi o seu primeiro dia de aulas como aluna do 5º ano. Está a crescer, a minha pulga!
 Sei que ela é de fácil adaptação, mas o facto de imaginá-la no meio daquela selva de tantos miúdos , na sua maioria mais crescidos que ela, deixa-me de coração apertado.E se alguém a magoa? E se ela começa a dizer asneiras?(sim, porque no outro dia entalou um dedo e deixou escapar um valente “fónix!”) E se descura os estudos em prol da brincadeira? E se…? (dahaaa! – diria ela).
Nunca fui assim muito mãe galinha, mas hoje de manhã encontrava-me em estado de pura aflição: não te esqueças de lanchar. Aqui, neste intervalo, vês!? Cuidado com os teus haveres, não deixes que te roubem o telemóvel nem a carteira! Senta-te à frente para estares com mais atenção. Ouviste!?! E blá, blá, blá, blá, etc e tal… E ela, na boa: “sim, mãe! Está bem, mãe! Eu sei, mãe! OK, não te preocupes!”
Antes de entrar no portão da escola, calou-me assim” Ó mãe, és tão gira! Eu elegia-te miss Portugal!” – E lá seguiu para a sua nova vida, de nariz empinado.
Não é por nada, mas palpita-me que estou a ficar “cota”…
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Consertos no Lar

De vez em quando há algo que se avaria lá em casa. Aliás, está sempre a acontecer.  Na semana passada foi um estore que se partiu e por pouco quase me decapitava. Pensei “se mando cá vir um gajo arranjar-me esta porcaria, leva-me o couro e o cabelo” e decidi, eu, sozinha, meter mãos à obra. O resultado não se fez esperar: andei num estrafego durante quase duas noites, mas depois de uma martelada nos dedos, uns parafusos torcidos e a parede esfolada, lá consegui pôr aquilo a funcionar. Bem, quase… mas no fim lá chamei o meu cunhado para lhe dar o tal toque masculino final e agora está impecável (sou a maior!! Ehe)
Esta semana, convencida e orgulhosa das minhas capacidades no bricolage, decidi dar um jeito ao autoclismo que, já algum tempo andava a meter pouca água. Munida da minha completíssima caixa de ferramentas comprada no chinês, desaparafusei daqui, desenrosquei dali e, sem saber bem como, passados uns minutos tinha a casa toda inundada.
C’um Caracas, pá! Desta vez não me escapo, tenho mesmo que contratar um canalizador! O que equivale a ter que dar parte de fraca e admitir que, pelo menos, no que toca a consertos no lar, não sou assim tão desenrascada...
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Desabafos Maternais

Antes de ser uma mulher divorciada, sou uma mãe divorciada com todas as dificuldades e alegrias que isso pode acarretar; são dois papéis na minha vida que tenho que conciliar, para além do papel de ser EU, simplesmente.
O papel de mãe é sempre um papel uno e indivisível; é errado que se pense poder ser mãe e pai ao mesmo tempo. É mentira! Acreditar nisso é puro egoísmo e prepotência.
Para uma criança pequena, os seus heróis são os pais, os personagens representativos do mundo adulto que, com as suas atitudes, os vão preparando para a vida.
Uma criança exige-nos uma atenção constante, um esforço constante; precisa de ser incentivada, de sentir segurança, de aprender a caminhar pelos seus próprios pés mas sempre apoiada.
Quantas vezes me questiono se estarei a cumprir bem a minha tarefa… quantas vezes me sinto culpada por não poder acompanhá-la em tudo como desejaria porque tenho que fazer o jantar, ajudá-la nos t.p.c.s  e preparar-lhe o dia seguinte. Porque são sempre assim os dias na vida de uma mãe divorciada: o dia de hoje e o dia seguinte, os meses e os anos seguintes… Não há tempo para se ficar cansada, não posso dar-me ao luxo de pensar “agora não me apetece fazer isto ou aquilo” quando há um futuro a construir todos os dias.
A minha menina dá-me muitas alegrias. Com a separação desenvolveu uma maturidade algo precoce que a faz ver as coisas de uma forma impressionantemente lúcida para a sua idade. Isso por vezes assusta-me; tenho medo que ela cresça antes do tempo, mas também me enche de muito orgulho.
Obrigada, minha querida filha. A mãe só espera poder estar à tua altura, que possas desenvolver-te com uma mente saudável e tornares-te uma mulher realizada e segura de ti, mesmo com os pais separados, e, principalmente, que isso não interfira em nada no teu desenvolvimento harmonioso.
Por enquanto, vamos ambas crescendo juntas, cúmplices e felizes à nossa maneira.
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Retalhos Pré-Outonais

Quero afastar-me de ti e não consigo. Um nó atravessa-me o estômago e sobe-me até à garganta, abafando o grito, sufocando a dor…
Porque te comportas como se eu nunca tivesse existido entregando-me uma ou outra palavra nas minhas mãos abertas, outrora suplicantes de vontade de te tocar?
Já fui feliz ao sabor da tua felicidade.
Sabes, a felicidade da paixão dura pouco. É apenas o reflexo de uma  ilusão que cresce à custa de muita ânsia de viver. Já a entrega leva-nos  ao abismo, a este abismo que é hoje a lixeira dos meus cacos.
Souberas tu o quanto te esperei e não colocarias em risco a minha paz de espírito, a minha inquietação tornada monotonia com a qual eu já aprendera a viver.
Prefiro o silêncio ao eco cortante da desgraça… Não, não me atires com os flashes dessa máquina promíscua, reveladora de segredos, porque eu jamais serei tua modelo! Não me sugues o fel! Não me reveles as sombras dos caminhos por onde andas perdido, aqui tão perto ( e cada vez mais distante de mim…)
Um dia ainda conseguirei ensinar-te todas as letras com que se escreve uma despedida; vou soletrá-las só para ti. Baixinho, para que tenhas tempo de saborear a derrota. Que é para saberes o que custa. Cabrão!
Vê se percebes uma coisa: às vezes odeio-te tanto!!
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Sozinha e Feliz

O estado civil é um estado que não conta para a nossa realização ou não realização.
O estado de espírito, esse sim é importante: o estado de espírito com que encaramos o nosso dia a dia, o estado de espírito com que enfrentamos os novos desafios, enfim, o estado de espírito que decidimos adoptar para sermos nós próprios, quiçá, muitas vezes, pela primeira vez, podermos ser donos e senhores do nosso destino.
A família é um estatuto hoje em dia muito flexível e um lar pode ser construído e constituído até por um único membro, mas… e até se chegar lá!?
Lembro-me dos meses que se seguiram à minha separação e de como me sentia estranha num mundo todo emparelhado. Eu pegava no carro para ir às compras e ao meu lado só via casais velhos e novos, com e sem filhos. Parecia que o mundo todo continuava em harmonia e que era eu quem tinha mudado de planeta.
Cheguei a lamentar-me, a lastimar-me, a viver obcecada com a ideia de solidão, houve alturas que quase desesperei , trancada em casa como se o mundo lá fora fosse um monstro disposto a engolir-me. À noite era pior: a casa vazia, a minha vida mais vazia ainda e as noites eram um deserto longo e escuro.
Todos passamos por esta fase. Depois (ou antes) vem o momento  em que nos soltamos e só queremos sair, conhecer pessoas, divertirmo-nos e aproveitar como se não houvesse amanhã. Ficamos assim até que nos fartamos e decidimos tomar as rédeas da nossa vida.
Nem todas as pessoas sabem estar sós, mas saber viver só, ainda que muitas vezes seja uma aprendizagem dura, no fim, é muito compensador. Vermos crescer em nós a maturidade, aceitarmo-nos como somos e aprendermos a escolher o nosso caminho é a melhor recompensa de todas.
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