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Diário de uma divorciada

Diário de uma divorciada

Um Motivo

Tudo o que queremos é ser felizes, nem que para isso tenhamos que fazer nascer borboletas em árvores!

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Apenas um olá

Hmmm... deixa ver...se eu fosse um animal que animal seria? Talvez uma cabra mémé.

Uma pausa é sempre uma pausa mas não não há céu mais azul do que o do Alentejo. 

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Uma nova meta

Apetece-me mordiscar as palavras, amassá-las, cozinhá-las, torná-las doces, acariciá-las, maltratá-las, esconde-las, apagá-las para as trazer de novo à luz, dando-lhes um sentido. Sentido… sentido… E que tal uma viagem de automóvel!?

 

É que o divórcio quase sempre é isso mesmo: um sentido, um sinal a meio da nossa estrada deserta que nos indica um único caminho: o da saída. Obrigatório virar à esquerda, ou à direita, tanto faz. É apenas e nada mais que uma mudança de percurso. Pois. E que tal se, após um estudo prévio sobre o terreno, endireitarmos a seta e escrevinharmos por baixo a legenda: “obrigatório seguir em frente”!?

 

Solidão (minha definição): estado de alma que se mantém adormecido enquanto a mente permanece ocupada.

 

Do divórcio (ou acerca de) – Cena I: A descoberta da minha solidão, a magia, a oportunidade de mergulhar nos silêncios mais profundos do meu eu adormecido e arrancar-lhe das entranhas um bebé sorridente de barriga cheia e fralda mudada: o meu reencontro comigo mesma. Passo-o cuidadosamente para o banco de trás, seguro e confortável, e avanço contemplando a paisagem.

 

Do divórcio – Cena II: Eu no vazio. Vazio e mais vazio, única matéria prima disponível para construir outro caminho. Um caminho qualquer que me leve para longe deste cenário agreste e temeroso no qual me encontro perdida. Vazio: ponto de partida; magnitude zero na escala do meu recomeço. E de novo o divórcio: ponto de chegada a partir do qual parto para um novo destino à minha escolha. Páro. Abasteço apenas o suficiente para a ida e prossigo adiante.
O bebé no banco de trás palra. Está de acordo comigo.

O divórcio não é apenas o fim de algo, é também um sem fim de possibilidades. Divórcio não é sinónimo de solidão, que por acaso até rima com auto-afirmação e, já agora, com aptidão (para a condução).

P.S. 1 (para rir): Não se esqueçam de ligar as luzes de nevoeiro sempre que viajem em condições atmosféricas adversas a fim de evitar o choque com algum desses veículos acidentados que costumam encontrar-se estacionados nas bermas sem qualquer pré-aviso de precaução.

P.S. 2 (para confundir): Qualquer semelhança entre este texto e a ideia contida na expressão “ter muita rodagem”, não só é mera coincidência, como também um grande equivoco, dado que as palavras aqui utilizadas se referem a um significado abrangente e ilimitado no ponto de vista das suas possibilidades

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Dicas Úteis para Recasadoiras

Meninas recasadoiras, é o seguinte:

 

Dica Nº.1) Se ainda não estão suficientemente escaldadas e decidirem (re)procurar marido, de preferência, escolham um, também ele, já com licença de porte para vos poupar o trabalho de terem que lhe explicar o básico.

 

Dica Nº.2) Convém, igualmente, terem presente o facto de alguns homens não serem, de todo, descartáveis, o que, logicamente, se traduz numa manutenção mais ou menos semelhante às fraldas de pano de antigamente (e olhem que isto não é para vos desencorajar, não senhora!!! Afinal, pelo que dizem por aí, parece que há merdas - perdão, có-cós - que até compensam).

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Ser feliz

A felicidade nunca pode ser encontrada no exterior, numa outra pessoa, antes de a descobrirmos dentro de nós mesmos. A felicidade ou a crença, ou a fé, ou o optimismo, ou o deslumbramento controlado, ou... enfim, tudo aquilo a que chamam "Deus".

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Amigos Comestíveis

Ao romper dos “primeiros dentinhos”, nós as divorciadas, passamos por uma fase semelhante à dos bebés, em que nos apetece levar tudo à boca. É naquela altura em que a cama de casal assume as proporções de um campo de futebol e a toalha de mesa se torna substituível por um “individual”. É justamente nesse momento aterrador em que a casa e o mundo se agigantam e ficamos mais vazias que um poço sem água, que começamos a sentir uma natural tendência devoradora. E eis então que tudo o que mexe, marcha (tudo o que mexe = tudo o que está à mão de semear, desde que, minimamente comestível, como é óbvio). E se não marcha é apenas e só por vergonha ou pudor, já que não temos quem nos bata nas mãozinhas. A quase solidão provoca medo que, por sua vez estimula carências várias e daí ao pecado da gula vai um passo de criança que ainda não sabe andar.
 
Das lições mais difíceis que uma divorciada tem de aprender, esta é talvez a primeira mais difícil de todas: comer, seja aquilo que for, não torna “aquilo que for”, nosso. Transforma-o, antes, em desaparecido ou, na melhor das hipóteses, em gordura. 
 
A segunda lição mais difícil é perceber que os amigos não são comestíveis. Todas sabemos que esta é uma regra básica que nunca, mas nunca, deverá ser quebrada.
 
Ora, acontece, porém, que eu (moi même, je – oui, c’est ça!), como sou uma nina muito teimosa e pouco dada a deixar-me domesticar por regras, descobri que existe uma forma de contornar a segunda situação (sobre a primeira nem o eco ainda me respondeu, mas um dia chego lá!). A excepção é então, um bolinho de pastelaria delicioso, típico da região de Peniche e que dá pelo nome de, precisamente, “amigo” (favor não reclamar, porque é o que se arranja e o que se arranja sempre é melhor que nada!).
 
Portanto, minhas queridas, esqueçam o chocolate e as pipocas (e já agora, as comédias românticas) e mostrem um pouco de atitude da próxima vez que tiverem que justificar o quilinho ou dois a mais: “Ah, isto!? É que andei a comer uns amigos!” – Soa muito melhor, não soa?
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